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Procedimentos de Resgate em Altura conforme a NR-35

  • Foto do escritor: Alpcon
    Alpcon
  • 14 de ago.
  • 4 min de leitura
Resgate em Altura conforme a NR-35

A Norma Regulamentadora NR-35, do Ministério do Trabalho, estabelece requisitos mínimos para o trabalho em altura (atividades acima de 2 metros do nível inferior com risco de queda). Um dos pilares dessa norma é a obrigatoriedade de procedimentos de resgate, que devem ser planejados previamente para cada frente de trabalho. Esses procedimentos visam garantir uma resposta rápida e segura em emergências, como quedas, desmaios (síndrome da suspensão inerte), lesões ou situações ambientais imprevistas. Eles incluem autorresgate (quando o trabalhador se salva sozinho) e resgate assistido (por equipe), priorizando sempre a minimização de riscos para vítimas e socorristas.


Os procedimentos seguem padrões rigorosos, integrando análise de risco, treinamento, equipamentos certificados e simulações. Abaixo, explico os principais aspectos baseados na NR-35 e em orientações complementares.


1. Responsabilidades Principais


  • Do Empregador/Organização:

    • Garantir a implementação de medidas de prevenção e resgate (item 35.3.1 da NR-35).

    • Realizar Análise de Risco (AR) prévia e emitir Permissão de Trabalho (PT) quando aplicável.

    • Disponibilizar equipe de resgate (própria, externa ou composta pelos trabalhadores), com recursos adequados (equipamentos, comunicação e primeiros socorros).

    • Assegurar treinamentos periódicos (mínimo 8 horas iniciais e reciclagem a cada 2 anos ou em casos de mudança de procedimentos/acidentes).

    • Manter documentação arquivada por pelo menos 5 anos.

    • Suspender trabalhos se houver riscos não previstos.

  • Dos Trabalhadores:

    • Cumprir procedimentos, usar EPIs corretamente e relatar condições de risco (item 35.3.2).

    • Participar de treinamentos e simulações.

    • Colaborar no resgate, se capacitados.


Falhas nessas responsabilidades podem resultar em acidentes graves, como quedas ou agravamento de lesões devido a demora no resgate (ex.: síndrome da suspensão inerte, que pode ocorrer em até 5-10 minutos de suspensão).


2. Planejamento Prévio do Resgate


  • Análise de Risco (AR): Obrigatória antes de qualquer atividade. Deve considerar:

    • Local e entorno (ex.: ventos, chuva, proximidade de energias elétricas).

    • Riscos adicionais (queda de materiais, espaços confinados).

    • Condições meteorológicas e acessibilidade.

    • Pontos de ancoragem e zona livre de queda (ZLQ).

  • Procedimento Operacional: Para atividades rotineiras, deve incluir montagem/desmontagem de sistemas, inspeções e instruções de segurança acessíveis a todos.

  • Equipe de Resgate: Deve ser capacitada para executar resgate, primeiros socorros e possuir aptidão física/mental. Pode ser interna ou externa (ex.: bombeiros).

  • Simulações e Treinamentos: Realizar treinamentos regulares (teóricos e práticos) para diferentes cenários (queda simples, complexa, em espaços confinados ou com descida controlada). Atualizar o plano periodicamente com base em revisões e quase-acidentes.

  • Rotas de Fuga e Comunicação: Definir pontos de encontro, saídas de emergência, alarmes e contatos (bombeiros, SAMU). Usar rádios ou sinais claros para coordenar ações.


3. Equipamentos Essenciais para Resgate


Todos devem ser certificados (ABNT/NR-35), inspecionados antes do uso e mantidos conforme instruções do fabricante. Exemplos:

  • EPIs Básicos: Cinturão tipo paraquedista com absorvedor de energia, talabartes (comprimento ≤0,9m ou com absorvedor se >1), trava-quedas.

  • Sistemas de Ancoragem: Temporários ou permanentes, projetados por profissional habilitado (ex.: cordas de 11mm, fitas de ancoragem ≥22kN, mosquetões automáticos).

  • Ferramentas de Resgate: Polias, bloqueadores, ascensores, macas, kit de primeiros socorros, dispositivos de descida controlada (ex.: I’D para reenviar corda), linhas de vida horizontais/verticais.

  • Restrições: Não usar equipamentos danificados ou sem inspeção. Para trabalhadores >100kg, ancorar acima da cabeça para minimizar impactos.


Inspeções: Rotineira (antes do uso), periódica (a cada 12 meses) e inicial (após instalação). Descartar itens com defeitos.


4. Etapas Típicas de um Procedimento de Resgate


O resgate deve ser simples, rápido e eficiente, priorizando técnicas como descida por corda ou içamento motorizado. Seguem etapas gerais:

  1. Detecção e Ativação: Identificar a emergência (queda, desmaio). Acionar o plano imediatamente via comunicação (rádio/telefone).

  2. Mobilização da Equipe: Designar papéis (socorrista principal, apoio, comunicação). Isolar a área e sinalizar riscos.

  3. Avaliação da Situação: Verificar condições da vítima (consciente/inconsciente), ambiente (riscos adicionais) e acessibilidade. Priorizar neutralização de perigos (ex.: desligar energias).

  4. Execução do Resgate:

    • Autorresgate: Se a vítima estiver consciente e capacitada, usar equipamentos como trava-quedas retrátil para descida controlada.

    • Resgate Assistido:

      • Acessar a vítima por cima (com cordas/ascensores) ou por baixo (escalada/içamento).

      • Fixar ancoragens seguras (≥1 ponto, preferencialmente acima).

      • Usar sistemas de vantagem mecânica (ex.: 4:1 com polias) para elevar/descender.

      • Em casos complexos (inconsciente, espaço confinado), empregar maca ou descida controlada.

    • Evitar quedas secundárias: Manter vítima conectada a sistema independente.


  1. Primeiros Socorros: Estabilizar sinais vitais (respiração, circulação). Para suspensão inerte: Descomprimir cinto, bombear pernas, posicionar deitada. Se parada cardiorrespiratória, iniciar RCP.

  2. Evacuação e Atendimento: Transportar para local seguro e acionar serviços médicos. Garantir rotas de fuga claras.

  3. Registro e Análise: Documentar o incidente (relatório com riscos, ações e lições). Atualizar o plano para melhorias.

Tempo crítico: Resgate deve ocorrer em minutos para evitar agravamentos (ex.: suspensão inerte pode causar lesões irreversíveis em 5-10 minutos).


5. Tipos de Resgate e Considerações Específicas


  • Simples: Vítima consciente, acessível; usa descida controlada ou içamento básico.

  • Complexo: Inconsciente, difícil acesso; requer maca, suporte médico e técnicas avançadas.

  • Em Espaços Confinados: Integra NR-33; usa equipamentos para acesso por cordas.

  • Com Descida Controlada: Para quedas verticais, com precisão em altura elevada.

  • Evitar: Fixação inadequada, sobrecarga de equipamentos ou resgate sem proteção aos socorristas.


6. Dicas para Eficácia e Prevenção

  • Realize simulações trimestrais para identificar falhas.

  • Integre ao plano de emergência da empresa.

  • Monitore atualizações na NR-35 (ex.: revogações como Anexo III sobre escadas em 2023).

  • Consulte normas complementares: ABNT NBR 16325 (ancoragens), NR-6 (EPIs), NR-18 (construção civil).

  • Para pesos >100kg: Médico deve avaliar; ancorar acima da cabeça.


Investir em procedimentos robustos não só cumpre a lei, mas salva vidas e reduz custos com acidentes. Se precisar de modelo de plano ou mais detalhes, é recomendo consultar profissionais habilitados.

 
 
 
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